Faz tempo que está cá dentro armazenada uma intempérie, uma convulsão deambula, sem querer apaziguar o sono e, retirando a este o necessário descanso.
Quando não emprego o tempo na escrita, a ausência de o fazer torna desenfreada a falta de esgrimir uma vontade que se torna ténue, moribunda, aflita e pouco afável.
Nem sempre emprego o dom no evidenciar do real, entre o poéta e o jornalista desencartado, reside o eu!
A nua e por vezes, cruel e fria realidade, tende a fazer esfriar a nota sublimada que a arte pode dar, o factual costuma retirar beleza à contemplação.
Passo demasiado tempo à procura da constatação do inegável e do evidente estado meio caótico do quotidiano e, ao fazê-lo, passa-me ao lado a beleza das coisas simples e não banais que me cercam.
Mais importante do que o reconhecimento, a afirmação da convicção se denota, sim, é menos popular mas, mais uma vez e sim, é mais necessária.
Portanto, tenta defender o que pensas, mesmo que isso te torne num alvo, não de reconhecimento mas, de abate!
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Uma jornada pode ser longa em tempo e curta em espaço, as fugas ao Egipto, agora tão em voga, assim costumam ser.Por outro lado o deserto que medeia o ponto de partida e a terra prometida, faz sempre penar as horas e torna o esvoaçar do tempo pouco célere, antes penoso e curvilíneo em vez de reto!
Se esperas pouco, não contes com muito, por isso, não amarres as expetativas nem os sonhos para que o teu alforge não fique à míngua e antes transborde com o despojo.
Uma coisa sei, da vida nada levo, ou antes, só levo o que deixo plantado nas vidas dos outros, só esses frutos são perenes e permanecem.
Tenho encontrado pessoas que plantam sem saber e outras que vão colher sem contar.Agradeço aos tais e a eles quero pertencer.
Li num lugar "suspeito" que todos podemos ser génios, concordo, podemos não ser um génio para todos mas, se o formos para alguns, não teremos passado por aqui em vão...
Por isso, aos que me inspiram, aos que plantam, aos que regam e aos que colhem, o meu profundo e sentido...obrigado!
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Muitas vezes nos sentimos com aquela pontinha de inveja quando algum dos "nossos iguais" alcança aquilo que jugavamos ser merecedores, muitas das vezes até nem julgamos que teríamos mérito para o receber mas, simplesmente, porque sim, deviamos ser nós a tê-lo...Se o outro fôr brilhante no que faz ou realmente sobressair até "engolimos" a sua conquista mas, se nos fôr "igual", epá, não pode ser, a sorte passa a ser nossa madrasta, o azar nosso pai e o infortúnio nosso irmão...
Só conhecemos a gratidão com um "in" como prefixo e torna-se complicado arrancar-nos um sorriso porque temos "tudo" mas, falta-nos qualquer coisa...a "coisa" do outro, salvo seja...Com isto não quero dizer que devamos abraçar a satisfação pelo que já temos e ficarmos por aí, sem tentar ir mais longe, mais fundo ou mais alto...
Ser grato obriga-nos a sorrir, raramente expressamos um "obrigado" sem o demonstrar...quando a gratidão nos invade, a busca incessante pelo material, torna-se menos compulsiva, somos mais apreciadores, seja do sorriso de uma criança, de um pôr-do-sol, ou de uma "cafézada" com um amigo...ser grato não é mais que apreciar a vida mesmo quando a mesma não parece nos oferecer o retorno do plantado...
"Sê grato no pouco, preparando-te para o muito e o alcançarás", a todos os que com evidência e aos outros que mesmo sem o saberem me inspiram...o meu...obrigado...
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Por vezes, levamos uma sensaborona vida, tanto "se nos dá como se nos deu" ou seja tipo Sporting (não querendo ofender os sportinguistas até porque, é um clube com o qual simpatizo)...parece que tudo nos passa ao lado, nada no afeta, não arrefecemos nem esquentamos com coisa alguma, a nossa vida só tem uma estação obvia...o Outono!
Quando chegamos a esse ponto é altura ou tempo de um recuo...de eras, se possivel...na pré-história, segundo consta, a necessidade aguçou o engenho e o homem (mulher incluida...rsrs) "inventou" o fogo (julgo que o sol já ardia há muito mas, isso é outra história), a necessidade (mais uma vez) o obrigou a criar...
Hoje parece que já não criamos nada, vivemos numa época imediatista, tudo nos vem (quase) ter às mãos, somos pouco imaginativos, já não há serenatas prá conquista ( um sms é muito mais fácil!), havia até nos meus tempo de criança uma música que dizia: "cartas de amor quem as não tém?", agora? Pouca gente sabe o que é um selo (passe o exagero...rsrs)...
Falta-nos fogo cá dentro, quando me refiro ao fogo não o faço somente e relativamente ao amor, faço-o à paixão, à chama, à alma, à intensidade, à entrega...se desgarradamente vivemos, desapaixonadamente sonhamos e, muito menos...ardemos!
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Sinto dificuldade em não me emaranhar no peso do fardo que não é meu mas, o qual, tenho por hábito, ir aos pés de quem o deixei e carregá-lo orgulhosamente, como se de um troféu se tratasse.
Penso que os grilhões do passado ainda querem pesar os ombros e, por sua vez, a consciência.Urge afastá-los, tanto da memória como da lembrança e, não adiar a necessária dieta da apatia.
A apatia faz da indiferença nossa comparsa e, quando deixamos que essa amizade se aprofunde, tudo se nos começa a passar ao lado...desde, prioridades trocadas até à ausência das mesmas...depois, tudo se torna mais dificil, tudo é desinteressante, amorfo, enfadonho...começamos a encher a vida de "whatever´s" e tudo é uma treta pra não dizer "it sucks" porque soa mal ou é de mau gosto e não quero ofender ninguém...
Por vezes apetece-me esmurrar-me com gritos de um "ACORDA PRÁ VIDA" antes que ela te passe ao lado e depois só possa ir a tempo de afogar as mágoas em meia dúzia de shots que só inebriam o juízo e aliviam a carteira...Bom era não ter 33 mas, a soma dos dois, ainda criança era certamente mais simples ser menos complicado...;)
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Optei por titular o texto a despropósito, nem tudo tem de fazer sentido, a nossa hereditária curiosidade, sempre nos levou à descoberta, sempre assim foi, desde os primórdios...acho que a morbidez tem aquele efeito hipnótico que nos leva a abrandar pra "apreciar" o desastre em vez de o objeto do nosso desacelerar incidir sobre o auxilio do acidentado...
O abismo, os buracos negros, a penumbra sempre nos imanizaram, daí a nossa impossibilidade de resistir ao "apelo da maçã"!Quase tudo nos quer afastar da luz, até e principalmente a nossa natureza!O que é que, não se nota?Não se vê e, não se sente?Mas, existe e é mortifero?Um inimigo silêncioso chamado colesterol.
O natural reflete o espiritual e vice-versa, quer tu acredites, vejas, ou não...por isso pensa...levemente batendo, silenciosamente entrando e alterando a tua circulação...o inimigo silencioso vai marcando presença mas, não faz mal...é tudo...levemente e depois, tens um avc...espiritual!
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Reconheço a validade do silêncio, principalmente quando não se tem nada de útil para dizer, ou se é inapropriádo ou, simplesmente, quando da nossa boca não sai outra coisa que não estupidez...sábio antigo outrora disse, "não deixes que a língua ande à frente do pensamento", mais de dois mil anos depois, ainda é atual...
O refrear da língua revela sabedoria, tarefa nada fácil e quem fôr hábil no seu domínio revela facetas de crescimento e de amadurecimento, reconheço-o!Mas, existem momentos, situações, ocasiões na vida em que o silêncio não é " de ouro", é mais de "latão"!
Martin Luther King disse, qualquer coisa como isto: "não temo o grito dos maus mas, o silêncio, dos bons", aí está o reluzente latão a demonstrar o seu valor por oposição ao "por qué no te callas" muitas vezes necessário.
Não suporto silêncios complacentes nem condescendentes à injustiça, seja ela qual fôr, as palavras podem matar mas, os silêncios também, é dificil ouvir a voz de uma revolta silênciosa que muitas vezes é capaz de sentenciar a culpa por receio de evidenciar a verdade, simplesmente, deixando-se ouvir...
Existem tempos para silêncios e outros para falar, não fales a destempo mas, quanto for tempo...não te cales...!
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